Hoje recebi essa reportagem por e-mail .
Acho que vivemos em um pais que tem preconceito em tudo, até mesmo nesse avanço e descoberta que é a FERILIZAÇÃO IN VITRO .
Eu fui bebê de proveta
Hoje na faixa dos 20 anos, as primeiras pessoas concebidas em tubo de ensaio contam como é ser milagre da ciênciaPor: Regina Terraz
Eles já foram considerados aberrações da natureza e a maior ameaça à humanidade desde a bomba atômica. Antes de o primeiro bebê de proveta nascer, no fim da década de 1970, a concepção de um ser humano em tubo de ensaio era vista com horror pela Igreja e até mesmo por parte dos cientistas. "Naquela época, as pessoas tinham medo e vergonha de dizer que tinham filhos dessa maneira", conta o especialista em reprodução assistida Nilson Donadio, diretor da Pró-Embryo, um dos pioneiros da técnica no Brasil. Temia-se que a manipulação em laboratório gerasse monstrinhos com alterações genéticas terríveis.Alguns médicos que aplicavam a técnica enfrentaram hostilidade. O indiano Subhash Mukhopadhyay, responsável pelo segundo bebê de proveta do mundo, uma menina nascida em 1978, foi duramente condenado em seu país por ter realizado o procedimento. O nascimento não foi reconhecido pelo governo da Índia e três anos depois, sem agüentar a pressão, o médico se matou. Apesar disso, a fertilização in vitro evoluiu e gerou pelo menos 3 milhões de crianças em todo o mundo, com técnicas cada vez mais avançadas.A primeira geração de bebês fertilizados in vitro, hoje na faixa dos 20 anos, está aí para mostrar que os prognósticos estavam errados. Conheça agora a trajetória de três deles que hoje são adultos saudáveis e cheios de histórias para contar.
ANA PAULA CALDEIRAELA CRESCEU FAMOSA.Hoje, a maioria dos jovens de proveta anda anônima pelo planeta. Os primeiros, no entanto, cresceram com jornalistas e fotógrafos na sua cola. "Junta a sementinha do papai com a sementinha da mamãe em um tubo e depois coloca na barriga da mamãe." Foi essa a explicação que a nutricionista Ana Paula Caldeira, o primeiro bebê de laboratório do Brasil, hoje com 23 anos, ouviu durante a infância sobre sua origem.
O nascimento dela, em 7 de outubro de 1984, foi um acontecimento nacional. O médico que fez vingar a gravidez, Milton Nakamura, já falecido, não atendeu aos pedidos de sigilo da mãe, Ilza Maria Caldeira. Em um encontro com o presidente da República no dia do parto, anunciou a chegada da primeira criança concebida em laboratório.
Às 16h do mesmo dia, a imprensa do Brasil inteiro baixou na porta do hospital de São José dos Pinhais, município vizinho de Curitiba, no Paraná, onde Ana nasceu. "Fiquei assustada. Tive de dar entrevista coletiva. Tremia dos pés à cabeça", conta Ilza. "Passei por situações constrangedoras, como a de olharem o nenê de perto para ver se era perfeito."
Mãe de cinco filhos do primeiro casamento, Ilza casou-se de novo e decidiu ter outra criança. Mas por problemas de saúde, não tinha condições naturais para isso. Tentou a fertilização em laboratório e deu certo. Ela não sabia que era a primeira a conseguir dar à luz por esse método. "Nunca perguntei sobre estatística, não quis saber se outras já tinham engravidado assim. Acho que a minha cabeça fresca ajudou no processo todo."
Ana cresceu sabendo que foi gerada de forma diferente, já que os jornalistas não largavam do seu pé e acompanhavam suas festas de aniversário. Mas isso nunca foi problema. "Eu achava que o meu álbum de fotografias era a revista", lembra ela. "Quando vinha visita em casa, pedia para minha mãe mostrar minhas fotos. Ela pegava o álbum e eu dizia: 'Não este, aquele!' [a revista]." Na escola, às vezes ela era vítima de brincadeiras. "Se você é gordinho, te chamam de gordinho. Como eu era de proveta, gritavam 'É de proveta!'. Mas não me incomodava."
CARLOS SALEIRO"MEUS PAIS NÃO QUERIAM QUE EU FALASSE"Por muito tempo, Carlos Saleiro, 21 anos, foi famoso em Portugal por ser o primeiro bebê de proveta local. Hoje, é reconhecido nas ruas como jogador profissional do Sporting, um dos três maiores times de futebol do país. Saleiro, que entrou no clube aos 8 anos, está emprestado desde o início do ano a um time da segunda divisão. Falta de sorte? Só se for no futebol mesmo. Quando ele veio ao mundo, foi o único embrião a vingar de um teste do método feito com onze casais. Apenas três mulheres engravidaram, mas só sua mãe deu à luz. Até os 18 anos, o jogador não podia dar entrevistas. "Meus pais me proibiam." Mas o ele não vê problemas em falar sobre o assunto. "É um método tão normal; por que não falar? Me sinto perfeitamente igual aos outros. E acho que trago esperança aos casais que querem ter filhos."
LOUISE BROWNELA JÁ TEM UM FILHOLouise Brown, o primeiro bebê de proveta do mundo, foi anunciada na Inglaterra em 1978 como o milagre do século. Passaram-se 29 anos desde então. Até pouco tempo, perguntava-se se os bebês de proveta poderiam gerar filhos saudáveis. Louise calou as apreensões dos médicos. Em janeiro de 2007, aos 29 anos, ela deu à luz seu primeiro filho, Cameron, concebido de forma natural e nascido de parto normal. "Se fosse necessário, eu faria a fertilização in vitro", diz.
A pioneira dos provetas vive na periferia de Bristol, Inglaterra, com o marido Wesley Mullinder. "Levo uma vida muito simples: trabalho o dia todo no correio e minha mãe cuida do Cameron. E o Wesley é porteiro de uma casa noturna", conta ela, que visitou o Brasil com a família no início de novembro do ano passado, a convite do especialista em reprodução assistida Roger Abdelmassih. Ou seja, as poucas doses de aventura na vida de Louise são ainda conseqüência de sua origem no tubo de ensaio. Quando criança, ela foi ao Japão, Suécia, Estados Unidos, sempre levada pela mãe. "Não me importava em mostrá-la. Quanto mais gente soubesse que ela era perfeitamente normal, melhor para todo mundo", conta a vovó Leslie, hoje com 60 anos.
Se Deus quiser eu vou conseguir ter meu bebe seja como for.bjs
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